Primeiro Cinemascope de Freda. Na tela larga, com um orçamento médio ao qual ele sabe emprestar a aparência da magnificência, Freda celebra em imagens suntuosas as núpcias do melodrama e da História. O que a História perde em veracidade, o melodrama conquista em caráter febril, lirismo, intensidade na pintura de um passado revivido no presente. Beatrice é metamorfoseada aqui em sublime heroína de melodrama, e a continuidade da narrativa oferece, à maneira da ópera, uma justaposição lírica e plástica de momentos fortes delineados sobre a trama de seu destino inexoravelmente trágico. No entanto, o dinamismo e a capacidade de aliciamento da mise em scéne de Freda são tais que o espectador, perto do fim, põe-se a imaginar que esta história foi inventada, que ela se recria à medida em que é contada e que Beatrice, por obra de intercessão de algum milagre, poderia escapar à sua sorte trágica. A originalidade do estilo de Freda- uma permanente e viva contestação do academicismo- repousa sobre uma igual atenção dispensada ao dinamismo do conjunto da narrativa e à composição plástica de cada cena. Esta síntese da dinâmica e da plástica, sempre muito natural em Freda, e que nos faz “passar por cima” de algumas imperfeições no roteiro e na direção de atores, encontra neste filme uma de suas melhores aplicações. Outras versões dirigidas por Mario Caserini ( 1908) e Guido Brignone ( 1941). Jacques Lourcelles Tradução: Luiz Soares Júnior.
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