sexta-feira, 27 de março de 2009

Il cavaliere di Maison Rouge, Cottafavi

A carreira cinematográfica de Vittorio Cottafavi teve a duração de um raio e a forma do paradoxo. Cottafavi não gostava de gêneros- comerciais- onde teve de trabalhar. Longe de ridicularizá-los, pelo contrário ele tenta magnificá-los, à sua maneira, por um estilo de dignidade altaneira que não queria ter nada de popular. Il cavaliere é o exemplo mais bem realizado deste trabalho. O filme participa de quatro gêneros diferentes- capa e espada, melodrama, drama psicológico, tragédia histórica- e não pertence a nenhum em particular. ( Eles são citados na ordem crescente de interesse que parecem ter para Cottafavi). A maior originalidade do filme diz respeito à sua construção, e se refere ao entrelaçamento, em alguns conjurados ( ex: o casal A. Franciolini e Y. Lebon), de sua busca pela felicidade individual e de seus esforços impotentes a pôr um fim ao martírio histórico da rainha. A última meia hora do filme é, sem dúvida, o que Cottafavi realizou de mais convincente: é aí que os quatro gêneros se mesclam e se harmonizam da melhor maneira, que a velocidade da ação se acelera e que cada personagem, sofrendo o peso do destino que lhe cabe, se revela em sua identidade própria, sua grandeza e solidão. A liberdade não existe no universo fatal de Cottafavi. Mas estes personagens possuem sempre a escolha entre a elegância e a mediocridade, entre a bestialidade e uma forma de nobreza que os tornaria quase semelhantes a deuses.
Jacques Lourcelles
Tradução: Luiz Soares Júnior.

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