quarta-feira, 12 de novembro de 2008

ADVENTURE IN MANHATTAN, Edward Ludwig

1936. USA (73’). Prod. Columbia. Realização: Edward Ludwig. Roteiro: Sidney Buchman, Harry Sauber, Jack kirkland, baseado em uma história de Joseph Krumgold, sugerida por “Purple and Fine Linen”, de May Edington. Foto: Henry Freulich. Música:Maurice Stoloff. Intérpretes: Jean Arthur ( Claire Peyton), Joel McCRea ( George Melville), Reginald Owen (Blackton Gregory), Herman Bing (Tim, o rapaz do café), Victor Kilian (Marc Gibbs), Robert Warwick ( Phillip).

Antes de encontrar seu domínio de eleição - o filme de aventuras exóticas e solares - onde triunfará nos anos 50, Edward Ludwig, um dos grandes diretores desconhecidos do cinema hollywoodiano, hesitou longamente entre diversos gêneros. De 1932 a 1944, vários de seus filmes (The man who reclaimed his head, 1934, ou The man who lost himself, 1941) testemunham seu gosto vivíssimo pelo insólito, assim como sua indecisão sobre o tipo de filme que melhor lhe convinha. Adventure in Manhattan é a mais bem realizada obra desta época que conhecemos dele.

Ludwig toma como campo da ação (mas não é nada além de um campo, um cadre) este meio de jornalistas exuberantes e tagarelas ,tão caro à Columbia dos anos 30, e desenha as premissas de uma falsa comédia americana que é também uma falsa comédia policial. O tema real da intriga é o combate sem misericórdia entre dois estetas, mutuamente respeitosos, se enfrentando por meio de ficções e estratagemas interpostos: um melodrama mórbido oculta uma farsa e uma pequena vingança; uma representação teatral extremamente dramática facilita um assalto. O gosto de afirmar sua superioridade conduz cada um dos protagonistas à solidão, altiva e criminal para um, irônica e insolente para o segundo.

Vamos reencontrar algo deste orgulho aristocrático nos personagens de aventureiros criados mais tarde por Ludwig. Aqui, o espectador é constantemente surpreendido por uma intriga rica em sequências de fundo duplo, em enigmas engenhosamente construídos e resolvidos. Ludwig avança a passos largos em sua narração, sem se importar de uma verossimilhança imediata. Ele despreza igualmente sublinhar seus jogos de prestidigitador, o que lhes aumenta a eficácia. Ludwig arrasta atrás de si um espectador intrigado e maravilhado por esta facilidade, esta estranha sobriedade de grande contador de histórias.

Jacques Lourcelles. Traduzido por Luiz Soares Júnior.

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